Por José Adriano
Faltando menos de três meses para o início da fase prática da Reforma Tributária, o retrato corporativo é preocupante. Sete em cada dez empresas brasileiras ainda não estão preparadas para o novo modelo de tributos sobre consumo.
A pesquisa da V360, feita com 355 companhias de médio e grande porte dos setores de varejo, indústria, construção, agronegócio e tecnologia, mostra que a transição começou tarde demais. A maioria das empresas ou ainda não discutiu internamente os impactos da reforma, ou está apenas levantando informações preliminares. Só uma minoria já tem um plano estruturado de adaptação.
Enquanto isso, o relógio corre. A primeira fase entra em vigor em 1º de janeiro de 2026, conforme previsto na Lei Complementar 214/2025, com alíquotas testes de 0,9% para a CBS e 0,1% para o IBS.
Aprovada em 2023 e regulamentada neste ano, a reforma unifica quatro tributos — PIS, Cofins, ICMS e ISS — em dois novos impostos sobre bens e serviços. A implementação será gradual até 2033, mas já a partir de janeiro o sistema começará a rodar em ambiente real. E isso exige algo que muitas empresas ainda não têm: integração entre processos fiscais, contábeis e tecnológicos.
A automação aparece como divisor de águas. Quase metade das empresas opera com processos fiscais parcialmente estruturados. Treze por cento ainda dependem de controles manuais, e 67% não utilizam ferramentas automáticas de validação de documentos fiscais. Em resumo: o risco de inconsistências é alto, e a automação deixou de ser diferencial — virou condição mínima de sobrevivência.
O atraso tem causa clara. Muitas organizações simplesmente não incluíram a adequação à reforma nos orçamentos de 2025. Agora, correm atrás de consultorias e sistemas às pressas, pressionando custos e prazos. O desafio, porém, vai além do técnico: é cultural. A nova estrutura tributária exige colaboração real não só entre as áreas de finanças, tecnologia e compliance, mas da empresa como um todo. E mais do que isso, uma visão de governança tributária integrada ao negócio.
A reforma é o maior teste de maturidade fiscal e digital das últimas décadas. Quem se antecipar vai reduzir riscos, mas também ganhar eficiência e previsibilidade. A mudança oferece uma oportunidade rara de simplificar o complexo, redesenhar processos e transformar o compliance em vantagem competitiva.
O tempo está curto, mas ainda há espaço para agir. Planejar agora custa menos do que corrigir depois. A reforma não muda apenas a forma de pagar impostos — muda a forma de gerir o negócio.
Adaptado de https://newsrondonia.com.br/noticias/2025/11/10/empresas-nao-se-adaptaram-para-reforma-tributaria-aponta-pesquisa/ e https://agenciabrasil.ebc.com.br/economia/noticia/2025-11/pesquisa-mostra-que-empresas-nao-se-adaptaram-para-reforma-tributaria
Fonte: Blog do José Adriano
Postado por Fatto Consultoria
